O crescimento exponencial da intenção de votos em Dilma Rousseff, candidata presidencial do PT e do presidente Lula, ao lado da queda significativa de José Serra (pelo Ibope divulgado sábado Dilma tem 51% contra 27% de Serra e 7% de Marina), já leva analistas e operadores da política a imaginar cenários pós-eleitorais.
A oposição atual, liderada pelo PSDB, sairá muito enfraquecida, mais ainda se firmar-se a possibilidade tendencial da subida de Aloizio Mercadante no estado de SP, principal cidadela tucana. Além de SP, outros estados, hoje em poder dos tucanos, podem mudar de mãos, como o Rio Grande do Sul, onde a governadora tucana Yeda Crusius, candidata à reeleição, patina num terceiro lugar, atrás do petista Tarso Genro e do peemedebista José Fogaça. Em Minas, o candidato do governador Aécio Neves, Antônio Anastasia, vem recuperando terreno, mas ainda está atrás do ministro Hélio Costa, do PMDB. No RJ, sem luz própria, o PSDB embarcou na candidatura do verde Fernando Gabeira, também mal colocado. Na Bahia e em Pernambuco também não há tucanos viáveis. E o Democratas, irmão siamês do PSDB, não está em situação melhor.
Os petistas podem, eventualmente, se alegrar, mas o cenário preocupa. Em um mais que provável governo Dilma, a atual oposição em frangalhos poderá abrir espaços para uma direita reacionária do tipo Tea Party norte-americano, que tem colocado os republicanos em incontáveis saias justas na oposição a Obama. Uma direita furiosa, atrasada, antidemocrática e com poucas perspectivas eleitorais, mas capaz de fazer barulho e alimentar o ovo da serpente. É preciso ficar atento.
João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 30/08/2010)