segunda-feira, 22 de março de 2010

Estado e economia

Por João José de Oliveira Negrão

O tema “Estado” volta a ganhar contornos decisivos na campanha presidencial que se avizinha. Nos dias que sucederam o IV Congresso do PT, que formalizou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência da República, as manchetes da nossa “grande” imprensa destacaram que a candidata e o partido “radicalizaram” seu programa, ao defender o “Estado forte”, indutor da economia e regulador das relações entre os agentes econômicos.

Esse discurso – ao qual parcela dos jornais parece aderir – se recusa a aprender com a realidade. E é velho. Foi justamente a prática do estado mínimo que levou o mundo à crise econômica mais recente, que, com maior ou menor intensidade, respingou em todos os países. E foi a intervenção do estado – tão demonizada pelos neoliberais, daqui e de fora – que evitou ela virasse uma crise sistêmica.

A realidade mostra o que Estado é um ator constituinte da economia contemporânea. Ele sempre age. Na sociedade democrática, a favor da maioria. Na sociedade neoliberal do estado mínimo, age a favor dos poderosos. Privatiza a riqueza, socializa os prejuízos. A própria eficácia ou ineficácia do Estado não são inerentes ao monstro leviatânico, como quer fazer crer o neoliberalismo: elas atendem a interesses dos segmentos sociais. Ou seja, ele pode agir para distribuir ou para concentrar riquezas, como mostra a recente História do Brasil.
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 22/03/2010)

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