João José de Oliveira
Negrão
Nunca tratei de futebol neste espaço,
pois não sou especialista na área, embora acompanhe com atenção
os campeonatos e torça para o São Paulo. Fui também, na infância
e adolescência, um jogador amador pouco acima de pereba. Tive ainda
algumas incursões pelo jornalismo esportivo.
Mas as cenas de violência estúpida
entre as torcidas de Atlético Paranaense e Vasco, no último
domingo, em Joinvile (o Atlético teve de jogar na cidade catarinense
para cumprir punição desportiva por causa do comportamento de sua
torcida), não podem, simplesmente, integrar a paisagem do futebol
brasileiro. E não estou dizendo que os vascaínos foram vítimas:
ambas foram culpadas.
Chega de reuniões, acordos sempre
descumpridos, soluções tecnológicas mirabolantes. A resposta a tal
grau de violência insana tem de ser uma só: banir todas as torcidas
organizadas, de todos os times (inclusive as de Sorocaba). Os clubes
– ou no mínimo alas de suas diretorias –, que de maneira direta
ou indireta, bancam as tais organizadas, tem de assumir sua parcela
de responsabilidade e se desvincular completamente destes bandos.
A imprensa esportiva, se sair do chavão
e da frase feita, também pode colaborar muito. Podia, por exemplo,
começar a produzir séries de reportagens mostrando como e do que
vivem os principais dirigentes das tais organizadas, suas ligações
nada republicanas e a doação de ingressos a elas – enquanto o
torcedor comum paga bem caro por eles – por parte dos times. Não
precisamos mais de mesas-redondas, aquelas onde impera o falatório
oco. Precisamos de ação. Basta!
João José de Oliveira Negrão é
jornalista, doutor em Ciências Sociais, professor no Ceunsp e na
Pós-Graduação em Jornalismo da PUC-SP
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 10/12/2013)
2 comentários:
"A resposta tem de ser essa"? Bani-las não adiantará de nada, amigo.
Geralmente quem lidera movimento pra banir T.O.'s são promotores querendo fama...
Fecha-se uma organizada hoje; amanhã surgem 37 bandidos com camisa de time, formam um grupelho e, sob um nome novo, praticam o mesmo vandalismo de antes.
O modelo que deu certo foi o da Inglaterra: câmeras no estádio, punição ao 'torcedor' que ali cometesse crimes, um ano sem freqüentar jogo de futebol. Reincidência? Nunca mais entrava no estádio.
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