quinta-feira, 3 de junho de 2010

Brasil e o pleno emprego

Por João José de Oliveira Negrão

Lula afirmou, há duas semanas, que o Brasil se aproxima do pleno emprego. Analistas ligados ao mercado financeiro, citados pelo Estadão de ontem, no entanto, afirmam que o país já está nele, ao atingir uma taxa de desemprego – livre de influências sazonais – de 6,7% em abril, na medição feita pelo IBGE.

Tecnicamente, o pleno emprego não significa dizer que todos os trabalhadores estão empregados. Paulo Sandroni, no seu Novíssimo Dicionário de Economia, explica que “numa economia dinâmica é muito difícil a eliminação total do desemprego, pois : 1) há atividades – como a agricultura – que não ocupam continuamente a mesma força de trabalho (desemprego sazonal); 2) é necessário certo tempo para que as pessoas troquem de emprego (é o chamado desemprego friccional); 3) além disso, certas pessoas podem optar por viver desempregadas”.

Outro índice importante é o tempo de procura por trabalho. Levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) mostra que em 2010 ele fica em nove meses. Há uma década, este tempo era de um ano. Sérgio Mendonça, economista do órgão, também alerta para a falta de qualificação. “Tem uma parcela de população que vai permanecer desempregada por muito tempo, mesmo num ciclo de alto crescimento, por causa da baixa escolaridade”, declarou Mendonça.

É importante, então, que as políticas de indução ao crescimento econômico prossigam. Tomara que os tempos de apostas recessivas fiquem definitivamente no passado. Os diferentes níveis do poder público devem concentrar seus esforços para qualificar este pessoal. Para os outros, não faltam empregos.

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 31/05/2010)

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