quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Cida Muniz é nomeada secretária de comunicação da Câmara

Por Felipe Shikama

Apesar da enorme polêmica gerada nos últimos dias diante da criação de 23 cargos comissionados na Câmara de Sorocaba, a nomeação da jornalista Cida Muniz para ocupar o posto de secretária de comunicação institucional da casa merece destaque no que interessa prioritariamente a este blog: o jornalismo.

Repórter setorista da Câmara para a rádio Jovem Pan e jornal Ipanema durante sete anos, Cida Muniz demonstrou ao longo desses anos ser uma das profissionais mais qualificadas na cidade, sobretudo para este tipo de cobertura.

Experiente, justa e humilde, a “aquisição” de Cida pela Câmera não é surpresa, nem para seus colegas de profissão, nem para seus leitores e ouvintes. A nomeação de Cida Muniz para chefiar a comunicação da Câmara representa o reconhecimento público desta profissional que, é verdade, encontrará novos e grandes desafios pela frente.

Assumindo “o outro lado do balcão”, Cida terá basicamente duas tarefas desafiadoras. Por um lado, estabelecer um diálogo mais próximo, institucional, entre Câmara e imprensa e, por outro, operar para aproximar os munícipes do Poder Legislativo.

Cida, que certamente conhece os desafios que vêm pela frente, já se antecipou defendendo, de forma justa, a transmissão efetiva das sessões da Câmara via internet. À Cida Muniz, os colegas do Azesquerda desejam boa sorte.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Matérias e reportagens são a mesma coisa?

Por Felipe Shikama


Algumas noções da prática do jornalismo, por muito tempo restrita a este campo profissional, começam cada vez mais a ser difundidas e compreendidas pela sociedade. E isso, sem dúvida, é um avanço.


Tanto para o jornalismo que, sendo de fato mais inteligível a todos, consegue ocupar novos espaços, quanto para parcela da sociedade que, ao compreender amplamente conceitos e práticas da atividade jornalística, se qualifica como exigente consumidor de notícia.


Até pouco tempo, ao se referir a uma reportagem, era comum empregar o termo “artigo”. Formas textuais do jornalismo conceitualmente distintas. A primeira, objetiva, a outra, opinativa. Diferente deste pequeno equivoco, aplicado como sinônimos no Brasil, (talvez, devido à tradução literal e automática do termo inglês), um outro aspecto, mais sofisticado, precisa ser melhor compreendido pela sociedade.


E essa compreensão passa, inicialmente, por uma discussão que envolva profissionais já inseridos no campo jornalístico, professores e alunos de graduação da área: matéria e reportagem não são a mesma coisa.


Em redações reduzidas de jornais do interior de São Paulo, por exemplo, há repórteres que se gabam em terminar seu expediente afirmando ter elaborado, naquele mesmo dia, quatro ou cinco matérias, e com modéstia completam: - sem falar naquelas que saem sem a assinatura.
Creio que está prática se repita em outras regiões do país.


Diante de tanta desenvoltura e eficiência, seria natural se perguntar por que motivos um profissional como este não desperta interesse de chefes de reportagens de um dos jornalões ou uma das revistas semanais de grande prestígio no Brasil?


Talvez por ineficácia de seus métodos modernos de apuração com uso de telefone, MSN, Google e Wikipedia, estes “redatores de matéria” ou “cozinheiros de press-releases” ainda não tiveram tempo de descobrir a real dimensão da história da reportagem em nosso país e aprender a lição.

Eliane Brum, Ricardo Kotscho e Zuenir Ventura, todos em efervescente atividade, compõem uma vasta lista de premiados repórteres brasileiros. Entre outros mestres, estes jornalistas não são renomados por se portarem e tampouco se parecerem com celebridades da tevê, e sim pelo brilhante resultado da árdua dedicação de sua atividade jornalística: a reportagem. A arte de contar uma história real.

Para qualquer leitor, o mínimo esforço de “requentar” releases ou, quando muito, disparar um ou outro telefonema a fim de uma declaração oficial, “só pra reforçar”, é desprezível.

Ainda que aplicada nos jornais apenas diante de um acontecimento de absoluta relevância social e extremamente factual, esta prática preguiçosa do repórter (muitas vezes estimulada mais por parte dos proprietários do veículo) faz cada vez mais com que a matéria - e consequentemente o jornal - torne-se descartada antes mesmo de se tornar pública.

No Brasil, a internet ainda não é um meio de comunicação de massa, segundo levantamento do IBGE, atinge hoje o patamar de 41 milhões de brasileiros. Mas graças a agilidade do meio e a implantação de políticas públicas de incentivo para aquisição de computadores, este duvidoso método de fazer “matérias” parece estar com os dias contados. A questão que fica é: e quem saberá fazer reportagens?

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O futuro dos jornais

Por João José de Oliveira Negrão

Levantamento do IVC (Instituto Verificador de Circulação) mostrou que a circulação de jornais cresceu 5% no Brasil em 2008, puxada pelos jornais populares e regionais. Em 2007, este aumento tinha chegado a 11,8% e em 2006 a 6,5%. A circulação média diária no ano passado foi de 4.351.400 jornais. É pouco, considerando-se o período de crescimento da economia e do emprego no período. O espaço para crescer é enorme: no Brasil, consome-se 53 exemplares de jornais a cada grupo de mil habitantes. No Reino Unido, a proporção chega a 335 exemplares e nos EUA a 241. No México, onde a comparação com o Brasil é mais realista, a média é de 148.
Discute-se muito se há futuro para os jornais impressos, que estariam acossados pelas novas mídias, em especial a internet. Mas os números mostram que ainda há espaço para esta modalidade.

A questão, neste momento, que precisa ser encarada, é a qualidade. Nosso jornalismo está muito ruim. As empresas investiram muito mais em marketing, prêmios e coleções, ou em outras atividades do que nas redações que, ao contrário, sofreram processos de enxugamento. Há pouca ou nenhuma reportagem mais aprofundada, usa-se em excesso o telefone e os materiais produzidos pelas assessorias de imprensa.

Aqui em Sorocaba, por exemplo, a reportagem política foi substituída pelas colunas de notas, muito mais voltadas ao pequeno varejo do disse-me-disse. O mesmo ocorre nas editorias de Economia, Cultura, Esporte. Quase não há espaço para bons repórteres, mas abundam as colunas sociais – a cada final de semana, chegam à casa da dezena, juntando-se os três diários e o bissemanal – que pouco contribuem para a finalidade precípua do jornalismo: a informação bem tratada.

Talvez, nesse momento de crise, seja a hora dos jornais investirem no essencial, o jornalismo de qualidade, para ampliar seus leitores e sua circulação.