segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O futuro dos jornais

Por João José de Oliveira Negrão

Levantamento do IVC (Instituto Verificador de Circulação) mostrou que a circulação de jornais cresceu 5% no Brasil em 2008, puxada pelos jornais populares e regionais. Em 2007, este aumento tinha chegado a 11,8% e em 2006 a 6,5%. A circulação média diária no ano passado foi de 4.351.400 jornais. É pouco, considerando-se o período de crescimento da economia e do emprego no período. O espaço para crescer é enorme: no Brasil, consome-se 53 exemplares de jornais a cada grupo de mil habitantes. No Reino Unido, a proporção chega a 335 exemplares e nos EUA a 241. No México, onde a comparação com o Brasil é mais realista, a média é de 148.
Discute-se muito se há futuro para os jornais impressos, que estariam acossados pelas novas mídias, em especial a internet. Mas os números mostram que ainda há espaço para esta modalidade.

A questão, neste momento, que precisa ser encarada, é a qualidade. Nosso jornalismo está muito ruim. As empresas investiram muito mais em marketing, prêmios e coleções, ou em outras atividades do que nas redações que, ao contrário, sofreram processos de enxugamento. Há pouca ou nenhuma reportagem mais aprofundada, usa-se em excesso o telefone e os materiais produzidos pelas assessorias de imprensa.

Aqui em Sorocaba, por exemplo, a reportagem política foi substituída pelas colunas de notas, muito mais voltadas ao pequeno varejo do disse-me-disse. O mesmo ocorre nas editorias de Economia, Cultura, Esporte. Quase não há espaço para bons repórteres, mas abundam as colunas sociais – a cada final de semana, chegam à casa da dezena, juntando-se os três diários e o bissemanal – que pouco contribuem para a finalidade precípua do jornalismo: a informação bem tratada.

Talvez, nesse momento de crise, seja a hora dos jornais investirem no essencial, o jornalismo de qualidade, para ampliar seus leitores e sua circulação.

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