terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Xeque-mate

Por João José de Oliveira Negrão

Na briga tucana, ao retirar seu nome da disputa, o governador mineiro Aécio Neves deu um xeque-mate em seu oponente.

Serra vem, há muito tempo, trabalhando com dois cenários, ambos baseados em um mesmo pressuposto: em 2010, aos 68 anos, ele provavelmente disputa a última eleição de uma carreira política marcante, que começou na presidência da UNE (União Nacional dos Estudantes) em 1963 e passou por cargos como deputado federal, secretário estadual, senador, ministro, prefeito e governador de São Paulo.

O primeiro cenário é a disputa presidencial, na qual ele pretende encarnar a oposição ao governo Lula e articular – apesar de sua história – em torno de seu nome as mais tradicionais forças conservadoras do país, as mesmas que, do palanque da UDN, montaram o braço civil do golpe militar de 64. O problema, aí, é o crescimento paulatino e seguro da ministra Dilma Rousseff – que também tem história de enfrentamento à ditadura, sem conciliar, no entanto, com o udenismo revivido. Em março de 2008, a distância de Serra para Dilma era de 35 pontos percentuais (38 contra 3). Agora, segundo o Datafolha, são apenas 14 (37 contra 23).

Aí entraria o segundo cenário: caso Dilma crescesse muito – o que vem acontecendo --, Serra desistiria da eleição presidencial e disputaria a reeleição em São Paulo. E convenhamos que terminar a carreira política como governador deste estado é fechá-la com chave de ouro; coisa para poucos. É esta porta que Aécio fechou. Não é impossível que ela volte a se abrir, mas o custo será muito alto.

(Publicado no Bom Dia Sorocaba, de 21/12/2009)

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