terça-feira, 14 de setembro de 2010

Mudança real

Por João José de Oliveira Negrão

O Brasil vem, efetivamente, mudando no rumo de um país mais desenvolvido e com menor desigualdade social. Prova disso não vem de nenhum instituto ligado ao governo federal, mas do Centro de Políticas Sociais, da Fundação Getúlio Vargas, coordenado pelo economista Marcelo Neri. O livro A Nova Classe Média: o lado brilhante dos pobres, bem como uma série de slides com gráficos e tabelas da pesquisa estão disponíveis a todos os interessados em www.fgv.br/cps/classe_media/.

Os dados mostram uma série de indicadores que permitem afirmar tal melhora. A renda média do brasileiro – atualizada para valores de 2009 --, saiu de R$ 385,5 em 1992 e chegou a R$ 630,25 em 2009. Outra número importante é o Índice de Gini, usado internacionalmente como indicador de igualdade social. Quanto mais perto de zero, mais igualitário é o país na distribuição da renda. Pois bem, o Brasil estava em 0,6091 em 1990 e foi para 0,5448 em 2009.

Importante também é a evolução da distribuição de classes de renda. As classes D/E, os mais pobres, cuja renda domiciliar é de até R$ 1126,00, eram 62,1% da população brasileira em 1992. Em 2009, elas cairam para 38,94%. Já a classe C, de renda domiciliar acima dos R$ 1126,00 até R$ 4854,00, que era 32,5% dos brasileiros em 92, em 2009 chegou a 50,5% da população. A classe média, portanto, já é a maioria da nossa população.

São dados reais, como estes, que explicam a popularidade do governo Lula e os índices de intenção de voto da candidata da situação, Dilma Rousseff. O voto tem alto grau de racionalidade, e quem continuar apostando que eleição é apenas um ato emocional vai continuar quebrando a cara.

João José de Oliveira Negrão e jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 13/09/2010)

2 comentários:

Anderson Oliveira disse...

Parece que só eu comento aqui. Provoco, e ninguém responde.

O Sr. leu meu texto?

Os números para mim não bastam. Com ele podemos, claro, saber se uma administração foi boa ou ruim. Contudo, um governo também se avalia pelas políticas públicas que fez.

Sobre isso, com exceção do Prouni, implementado por Cristovam Buarque e pelo Bolsa Família - mescla dos programas de redução de renda tucanos - o governo Lula somente nos últimos dois anos fez alguma coisa: PAC e Minha Casa, Minha Vida.

Não obstante, todos os outros números, desde a questão agrária ao salário mínimo, se assemelham, tanto no governo FHC quanto no governo Lula.

Desse modo, pergunto novamente, quem foi o principal responsável pelo sucesso econômico e social brasileiro? Quem, realmente, teve ações efetivas?

Apesar de toda a propaganda ufanista do PT, a história demonstra que o principal responsável pelos avanços econômicos e sociais deste país foi Fernando Henrique Cardoso.

Vinícius Paes disse...

Professor,

Realmente os números estão aí, pra quem quiser ver, o crescimento da classe média pode ser notado por nós, da classe média. Também, não discordo, completamente, do comentário do companheiro ANderson Oliveira. O governo do PT, manteve os acertos do governo Fernando Henrique e corrigiu os erros, pelo menos foi o que disse o deputado José Eduardo Cardoso, secretário geral do PT, no debate do band eleições da última quarta-feira. Eu não costumo comparar os dois governos, o governo Lula tem, talvez um trunfo mais evidente, mais tangível, que seja esse crescimento econômico da classe média, além do carisma, à lá Getúlio, do presidente. Mas comparar é complicado, foram épocas diferentes, com realidades, de certa forma, diferentes. ´
O que me intriga é o seguinte, nenhum dos dois principais concorrentes, deste pleito, debateram realmente, a candidata do PT, falou do passado e das conquistas do governo Lula, José Serra apagou FHC e partiu para as promessas, no melhor estilo tucano. O fato é que em nenhum momento, a oposição pegou no ponto fraco, os tucanos não questionaram o fato do vice da Dilma, ser o peemedebista MIchel Temer, do Sarney, do Collor, do Mensalão e de todos os outros escândalos políticos. Ninguém tocou no assunto do PSDB estar coligado com o PTB, do Roberto Jefferson, do Romeu Tuma, com o Dem, que rescentemente foi alvo do escandalo do mensalão de brasília.
Concordo, os tucanos tiveram seus méritos, o PT fez grandes melhorias, mas acredito, eu na minha humildade e ignorância, que um bom governo é um governo livre de corrupção, além dos avanços econômicos e sociais, é um governo livre de corrupção. Sem corrupção, e licitações pra empresas de amigos e parentes e etc, sobraria capital para investir, na educação, na saúde, no pequeno agricultor. COm o fim do latifundiário, desapropriação de terras improdutivas, haveria espaço para que os pequenos agricultores, pudessem produzir e fomentar a econômia, além de ter uma fonte de renda. Com a redução dos impostos para os pobres e implantar o imposto sobre fortuna, a qualidade de vida do trabalhador de classe média e baixa, aumentaria, pois sobraria mais dinheiro pra eles no fim do mês. Mas, o principal, é acabar com a corrupção e nisso, nem o PT, nem o PSDB, foram atuantes, nenhum dos dois partidos priorizaram o combate a corrupção, apenas fizeram demagogia sobre demagogia. Posso estar enganado e ter dito muitas besteiras, mas acredito e espero que independente de quem chegue ao poder tome como prioridade o combate a corrupção. Ou que, no próximo dia 3, os eleitores, principalmente os jovens, que não tem medo do novo, arrisquem seus votos na verdadeira e única esquerda política brasileira.

De qualquer modo, um blog e tanto, professor, estou sempre passando por aqui.

abraços, Vinícius.