João José de Oliveira
Negrão
O prazo final para a filiação a um
partido – essencial para quem quiser disputar um mandato nas
eleições do ano que vem – se encerrou no final de semana passado.
Novamente se viu a correria pelo troca-troca partidário. Segundo
levantamento da Folha de S. Paulo publicado ontem, 57 deputados
mudaram de legenda. O número pode ser ainda maior, pois podem haver
mudanças ainda não oficializadas pela Justiça Eleitoral. São mais
de 10% dos deputados federais mudando de casa.
Os novos partidos recém-criados já
“conquistaram” bancadas expressivas. O Solidariedade, do deputado
Paulo Pereira, o Paulinho da Força Sindical, atraiu 21
parlamentares, enquanto o PROS conquistou 16. Houve baixas tanto
entre a base de apoio governista quanto na oposição. O PT perdeu um
deputado, ficando com uma bancada de 86; o PSDB perdeu quatro e viu
sua bancada reduzir-se a 46. O PMDB ganhou um e perdeu seis. Sua
bancada, agora, é de 77 parlamentares. A Rede, de Marina Silva, que
não conseguiu se organizar, se espalhou por diferentes legendas, a
maioria no PSB.
Esta migração é mais um elemento a
fortalecer a urgente necessidade de uma reforma política ampla, que
não pode se reduzir a remendos feitos aqui e acolá. O instituto da
fidelidade partidária tem de ser ampliado, com o voto em lista
preordenada. É verdade que, democraticamente, a lei não pode
proibir a criação de partidos. Mas torna-se cada vez mais
necessária a criação de algum tipo de cláusula de barreira, para
evitar que legendas de aluguel, sem base programática ou política,
possam se multiplicar, de olho nas verbas do fundo partidário e no
bom negócio da venda de apoios em troca do tempo de rádio e TV de
que dispõem.
João José de Oliveira Negrão é
jornalista, doutor em Ciências Sociais, professor no Ceunsp e na
Pós-Graduação em Jornalismo da PUC-SP
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 08/10/2013)
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