quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Proposta de novas diretrizes curriculares em jornalismo é entregue ao MEC

Por www.fenaj.org.br

A Comissão de Especialistas do Ministério da Educação (MEC) entregou ao ministro Fernando Haddad, em 18 de setembro, o relatório com propostas de mudanças nas diretrizes curriculares dos cursos de Jornalismo. No relatório, que será encaminhado ao Conselho Nacional de Educação, há propostas como a autonomia da graduação em Jornalismo, resgatando suas especificidade e identidade, o aumento na carga horária, maior equilíbrio entre disciplinas teóricas e técnicas, e o estabelecimento do estágio supervisionado. O documento vem gerando intensos debates em listas de discussão na internet.

Em coletiva à imprensa após a entrega do documento ao ministro da Educação, o presidente da Comissão de Especialistas que tratou do tema, José Marques de Melo, avaliou que a proposta fortalecerá a graduação em Jornalismo, formando profissionais mais bem capacitados. Disse, também, que a intenção e revalorizar o diploma em curso superior de Jornalismo como fundamental para o exercício da profissão.

Já o ministro Fernando Haddad destacou a importância da revisão das diretrizes curriculares de Jornalismo para uma maior qualificação da formação acadêmica “diante da conexão estreita da profissão com a democracia, com a função de informar a população”.

O conteúdo do relatório está disponível nos sites do MEC e da FENAJ.

Balanço positivo


Para a diretora do Departamento da Educação da FENAJ, Valci Zuculoto, o movimento sindical dos jornalistas, representado pela FENAJ, foi atendido na medida do possível que um processo como este possibilita. Ou seja, um processo que buscou ouvir todos os segmentos direta ou indiretamente envolvidos com a formação acadêmica em Jornalismo. “Os anseios e as deliberações da categoria, em boa parte, estão presentes na proposta. Além disso, o segmento profissional teve seus históricos envolvimento, participação e formulação com a formação universitária reconhecidos e acolhidos”.

Sobre os debates que vêm sendo travados em listas de discussão na internet, a professora e sindicalista aconselha uma leitura atenta e detalhada da proposta “do começo até a última linha, para evitarmos avaliações precipitadas, que já vem sendo feitas, sem o conhecimento detalhado da proposta”. Para Valci, o documento traz avanços e preenche lacunas para atualização e melhoria na formação profissional do jornalista que eram reivindicadas no sentido de produzir mais qualidade, responsabilidade e ética ao jornalismo oferecido diariamente à população brasileira.

Ela destaca como positivas entre as inovações o objetivo de equilibrar teoria e técnica, cursos específicos de jornalismo, não mais diluídos dentro da Comunicação como grande área de conhecimento e a definição da assessoria de imprensa como uma das novas demandas que devem ser contempladas na formação profissional. “Mas além destas, muitas outras atualizações estão postas no documento, que dão conta das principais demandas contemporâneas do Jornalismo, tanto técnicas quanto éticas e teóricas”, avalia.

O estágio curricular supervisionado, com regulamentação aprovada nos colegiados dos cursos e não infringindo a legislação e as recomendações das entidades profissionais do jornalismo é outro destaque. “Quanto a isso, a FENAJ e o FNPJ [Fórum Nacional de Professores de Jornalismo] têm Programas de Estágio e agora, inclusive, estão ajustando ambos para recomendar que sirvam de base a todos os cursos do país para a formatação do regulamento das suas disciplinas de estágio de acordo com as novas diretrizes”, lembra Valci.

A sindicalista entende que a proposta da Comissão também faz uma defesa da necessidade do diploma universitário de graduação em jornalismo. No documento, os especialistas manifestam sua crença na formação superior específica para o exercício da profissão de jornalista. “A responsabilidade social do jornalismo, seu papel essencial na democracia e a competência específica exigida para exercê-las, lidando com as novas tecnologias, aspectos enfatizados ao longo deste documento, recomendam uma formação fundamentada na ética, na competência técnica, no discernimento social e na capacidade crítica, habilidades que só podem ser adquiridas em sólida formação superior própria”, diz um trecho do relatório.

"Para nós a proposta da Comissão, aliada à disposição do MEC de realizar este processo de atualização das diretrizes visando a melhoria da formação profissional do jornalista, constitui mais uma prova irrefutável do quanto o exercício do Jornalismo necessita e exige profissionais com formação universitária e de que esta obrigatoriedade deve, sim, fazer parte de uma regulamentação”, afirma a diretora da FENAJ, alertando que é necessária atenção para evitar que na continuidade deste processo a proposta seja modificada em pontos que possam significar retrocesso.

Valci conclui afirmando que "se as diretrizes propostas pela Comissão forem aprovadas ao final deste processo de atualização e fielmente cumpridas pelos nossos 300 cursos do país, teremos jornalistas efetivamente mais capacitados para exercer papel tão relevante como o de levar informação à sociedade."

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