terça-feira, 9 de março de 2010

Greve dos professores

Por João José de Oliveira Negrão

Provavelmente começou hoje mais uma greve dos professores da rede estadual de ensino. São cerca de 215 mil profissionais, que reivindicam um aumento salarial de 34,3%. Conforme a Apeoesp, o sindicato da categoria, o piso do professor de primeira à quarta séries é de R$ 785,50 e chega a R$ 958,33 com as gratificações. No final da carreira, pela mesma jornada, esse salário chega a R$ 1.153,21. Já o professor de educação básica e ensino médio, por 24 horas semanais, tem piso de R$ 909,32, chega a R$ 1.100,92 com as gratificações e pode encerrar a carreira com R$ 1.326,27. E vale lembrar que as gratificações não costumam incidir na aposentadoria.

É muito pouco para a responsabilidade social que estes trabalhadores têm. A sequência de governos tucanos – com figuras que estão no poder no estado de SP há 26 anos, desde o governo Montoro – deixou um saldo trágico na educação paulista, conforme comprovam os dados do Saresp, exame realizado pela própria secretaria estadual de educação.

O reflexo do descaso é marcante na baixa procura que os cursos superiores de licenciatura – voltados à formação de professores – vêm tendo. A cada ano, é menor a relação candidato/vaga nas universidades públicas. E muitas particulares, por absoluta falta de procura, fecham cursos.

Por isso tudo – apesar dos inconvenientes que poderá provocar – a greve é justa. A vitória dos professores será também da sociedade paulista, que tem seu futuro empenhado pela péssima gestão da educação pública do estado.

João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em
Ciências Sociais e professor no Ceunsp

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 08/03/10)

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