Por João José de Oliveira Negrão
Grande parte do que sabemos sobre o mundo passa pela mídia. E muito de nossa maneira de ver o mundo – e, portanto, de agir nele – depende da mídia. Ela não transmite apenas “fatos”, mas também julgamentos, valores e interpretações.
A realidade que nos cerca não “existe” simplesmente – ela também é construída pela maneira de vê-la. Se até a realidade física não é simplesmente “captada” pelos nossos sentidos, mas reconstruída em nossas representações, mais ainda acontece com o mundo social. Assim, a representação que possuímos do mundo, e em especial do mundo social, é fruto das maneiras de vê-lo que criamos. As representações do mundo social são ativas: nós agimos no mundo de acordo com o que sabemos dele. A conservação ou a transformação da sociedade dependem, em grande parte, dessas representações.
A mídia é quase onipresente no nosso tempo: as notícias que vemos na TV, lemos na revista ou jornal, ouvimos no rádio são informações a que não teríamos acesso caso dependêssemos da observação direta ou do relato pessoal de algum participante.
Uma das funções mais importantes entre as desempenhadas pela imprensa é a chamada “formação da agenda pública” (agenda-setting) – isto é, a escolha das questões que vão mobilizar a opinião pública. A imprensa não se limita, porém, a agendar os temas públicos. Ela também exerce a função de “enquadramento”, pela qual as questões são colocadas dentro de determinados esquemas interpretativos. É o enquadramento que concede sentido a fatos que, de outra forma, pareceriam caóticos.
Para o bom funcionamento da democracia, é necessário que uma pluralidade de pontos de vista esteja presente na mídia. No entanto, a tendência do mercado é a concentração da propriedade.
João José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 28-02-2011)
Um comentário:
Interessante esse artigo...publicado no Bom Dia.
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