Por João José de Oliveira Negrão
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, é o centro de intensa movimentação que pode alterar significativamente o mapa político de São Paulo e do Brasil. Se perder Kassab e, no mesmo embalo, o também recém eleito governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo, o PFL/DEM, que já foi o dono da maior bancada no Congresso Nacional, nos anos FHC, vira um partido de médio para pequeno. Isso porque estas duas lideranças conservadoras levarão consigo várias outras. Como exemplo, é provável que o vereador sorocabano e ex-deputado Caldini Crespo acompanhe Kassab.
No momento, o cenário não está plenamente definido. Kassab discute com o PMDB e com o PSB, duas legendas que compõem a base de apoio da presidenta Dilma. Outra possibilidade, que acho a mais forte por evitar qualquer problema de questionamento de mandatos, é a criação de um (mais um) novo partido, que já tem até nome: PDB, Partido da Democracia Brasileira.
Mas a força de atração de Kassab – o comando de um dos maiores orçamentos do país – também provoca estragos na frente de partidos que tradicionalmente se alia ao PT. Na cidade de São Paulo, o prefeito já trouxe para junto dele o PDT, o PSB e, recentemente, até o velho PCdoB, praticamente isolando o PT sozinho na oposição. Frente à movimentação do prefeito, de se deslocar da oposição para a base de apoio do governo federal, a direção municipal do Partido dos Trabalhadores divulgou nota, reafirmando a oposição ao governo Kassab na cidade de São Paulo.
Outra questão que se coloca é a perda de espaço paulatina das forças serristas dentro do PSDB. Neste sentido, um novo partido também pode interessar ao ex-governador José Serra, mentor e muito ligado a Kassab. Neste caso, a adesão à base de apoio dilmista pode ser apenas um canto de sereia.
João José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp
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