As entrevistas trazidas neste final de semana pela imprensa local mostram a que grau de desagregação chegou a hegemonia tucana em Sorocaba. O PSDB, que comanda a cidade há décadas e, neste período, conseguiu articular em torno de seu projeto toda a elite sorocabana, aprofunda e consolida o processo de fadiga que deu seus primeiros sinais na eleição municipal passada e se reafirmou em 2012, quando seus então dois deputados federais – Antônio Carlos Pannunzio e Renato Amary – não se reelegeram.
O PSDB não tem uma liderança inquestionável. Seus aspirantes digladiam-se – agora publicamente – para tentar ocupar o espaço conservador que, até hoje, sempre coube à legenda. A crise é tanta que até integrantes menores da direita, que sempre se contentaram com seu papel auxiliar, lançam-se em balões de ensaio para aumentar seu cacife e, quem sabe, firmar-se como aspirante a condutor da hegemonia que se desfaz.
Foi também neste período das últimas décadas que o PT se firmou como a grande força de oposição em Sorocaba, a única capaz de articular uma contra-hegemonia ao domínio das forças da elite tradicional. Mas frente a esta crise e a condições históricas e políticas que talvez nunca lhe tenham sido tão favoráveis na cidade – e que talvez não se repitam –, o Partido dos Trabalhadores ainda não se posicionou claramente, não definiu uma candidatura nem botou seu bloco na rua.
Enquanto o PT não se resolve, o espaço de uma eventual alternativa vai sendo ocupado por um integrante daquele mesmo bloco de forças que sempre comandou a cidade, ainda que formalmente filiado a um partido, o PMDB, da base de apoio do governo Dilma. Assim, corremos o risco de ter mais do mesmo, a velha conciliação por cima, que fala em mudança para que tudo continue como está.
João José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 19/09/2011)
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