Por João
José de Oliveira Negrão
Mais um esquema de
corrupção pesada veio à tona. Desta vez, o flagrado foi o senador
Demóstenes Torres (DEM-GO), que até então era um dos vestais a
distribuir acusações e sentenças definitivas contra todos os
outros, especialmente se apoiassem o governo. O centro da nova
embrulhada é o bicheiro e explorador de máquinas caça-níqueis
Carlinhos Cachoeira. No rolo, estão ainda o governo de Goiás,
comandado por Marconi Perilo (PSDB), e o chefe da sucursal em
Brasília da Veja, o jornalista Policarpo Júnior.
E como tem acontecido
em outros escândalos, um dos motes – não o único, que fique
claro – a explicar o malfeito é o financiamento de campanhas. Como
cada candidato tem de buscar recursos para viabilizar os custos de
sua campanha eleitoral, seja um concorrente ao Senado ou a uma câmara
municipal, está aberta a porta para práticas pouco recomendáveis,
mas reais, da política brasileira. Os esquemas de caixa 2 – doação
“por fora”, sem declaração à justiça eleitoral –, pelos
mais diferentes motivos, estão presentes em cada uma de nossas
seguidas eleições.
Esta porta tem de ser
fechada. Para isso, é fundamental que o Congresso, ao debater e
votar a reforma política, aprove o financiamento público exclusivo
das campanhas eleitorais, sem a participação financeira de pessoas
jurídicas e limitando drasticamente a de pessoas físicas. Para
isso, no entanto, precisaremos abandonar as candidaturas individuais
e o voto nominal, assumindo o sistema de voto em lista fechada.
Tal medida, é claro,
não consegue por si só eliminar de vez a corrupção. Mas fecha um
caminho importante por meio do qual ela se insere nos canais
institucionais do País.
João
José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor
em Ciências Sociais e professor no Ceunsp
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 09/04/2012)
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 09/04/2012)
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