quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Greve cheia de razão


João José de Oliveira Negrão

Desde segunda-feira passada, dezenas de unidades das etecs e fatecs – ligadas ao Centro Paula Souza, da Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação – estão com seus professores e funcionários paralisados. É isso mesmo: o estado de São Paulo tem duas estruturas de Educação, ligadas a secretarias diferentes. A reivindicação central dos trabalhadores é simples: que o governo Alckmin cumpra o acordo que fez com os representantes da categoria, liderados pelo Sinteps (Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula Souza).

Por ser casado com uma professora de etecs, acompanhei de perto o desenrolar da negociação. Ao longo do ano passado, várias reuniões entre os representantes sindicais, a direção do Centro e membros do governo estadual foram feitas. As negociações se sucederam, os trabalhadores adequaram suas reivindicações – com aprovações de assembleias – e finalmente “bateu-se o martelo”: um novo plano de carreiras foi estabelecido, com a anuência do sindicato e do governo estadual.

No entanto, descumprindo a palavra de seus representantes, o governo Alckmin achou por bem dar um passa-moleque nos trabalhadores e não deu prosseguimento à implantação do plano de carreiras acordado. Sem alternativa – e sentindo-se, com razão, profundamente desrespeitados – professores e funcionários decidiram paralisar seus trabalhos, para exigir que o governo cumpra o que disse que faria. Além disso, reclamam da falta de pessoal e de infraestrutura necessária para não deixar cair o nível do ensino oferecido aos milhares de estudantes das etecs e fatecs. Não pode haver motivo mais justo para uma greve do que a luta pela dignidade do trabalhador. E ela merece o apoio de toda a sociedade

João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais e professor universitário

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 19/02/2014)

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