João José de Oliveira
Negrão
Desde segunda-feira passada, dezenas de
unidades das etecs e fatecs – ligadas ao Centro Paula Souza, da
Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência,
Tecnologia e Inovação – estão com seus professores e
funcionários paralisados. É isso mesmo: o estado de São Paulo tem
duas estruturas de Educação, ligadas a secretarias diferentes. A
reivindicação central dos trabalhadores é simples: que o governo
Alckmin cumpra o acordo que fez com os representantes da categoria,
liderados pelo Sinteps (Sindicato dos Trabalhadores do Centro Paula
Souza).
Por ser casado com uma professora de
etecs, acompanhei de perto o desenrolar da negociação. Ao longo do
ano passado, várias reuniões entre os representantes sindicais, a
direção do Centro e membros do governo estadual foram feitas. As
negociações se sucederam, os trabalhadores adequaram suas
reivindicações – com aprovações de assembleias – e finalmente
“bateu-se o martelo”: um novo plano de carreiras foi
estabelecido, com a anuência do sindicato e do governo estadual.
No entanto, descumprindo a palavra de
seus representantes, o governo Alckmin achou por bem dar um
passa-moleque nos trabalhadores e não deu prosseguimento à
implantação do plano de carreiras acordado. Sem alternativa – e
sentindo-se, com razão, profundamente desrespeitados – professores
e funcionários decidiram paralisar seus trabalhos, para exigir que o
governo cumpra o que disse que faria. Além disso, reclamam da falta
de pessoal e de infraestrutura necessária para não deixar cair o
nível do ensino oferecido aos milhares de estudantes das etecs e
fatecs. Não pode haver motivo mais justo para uma greve do que a
luta pela dignidade do trabalhador. E ela merece o apoio de toda a
sociedade
João José de Oliveira Negrão é
jornalista, doutor em Ciências Sociais e professor universitário
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 19/02/2014)
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