segunda-feira, 5 de abril de 2010

Intolerância religiosa

Por João José de Oliveira Negrão

O Santos vem apresentando um futebol de encher os olhos. Apesar de sampaulino, tenho comentado que temo que, caso o Santos não seja campeão paulista, volte aquela lenga-lenga do “joga bonito mas não ganha nada”, em defesa da “objetividade” dos brucutus. Mas a molecada pisou feio na bola, ao se recusar a descer do ônibus para uma atividade beneficente no Lar Espírita Mensageiros da Luz.

É sinal de intolerância religiosa, pois o motivo alegado para a falta de educação foi justamente o fato de a instituição ser espírita. Não é a primeira vez que o clube santista enfrenta problemas deste tipo. No ano passado, já houve algum tipo de desavença envolvendo o técnico Vanderlei Luxemburgo e um grupo de jogadores liderados pelo atleta Roberto Brum, evangélico radical que, em programas esportivos, chegou a ameaçar os que o criticavam com a “força” do “seu” Deus. E este já não é tão moleque, tem 32 anos.

Outro que se recusou e também não tem a desculpa da juventude é o goleiro Fábio Costa. Foi feio. Tão feio como as saídas do gol que ele costuma dar contra seus colegas de profissão. Robinho, ex-garoto, também não desceu, frustrando os atendidos pelos Mensageiros da Luz.

Manifestações de intolerância contra outras religiões – mais fortes ainda contra os que não professam nenhuma ou são ateus – precisam ser condenadas assim que apareçam. O ovo da serpente sempre começa a se manifestar como ações isoladas, aparentemente ridículas. Mas se ganha corpo, o custo social é alto.

João José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 05/04/2010)

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