terça-feira, 20 de abril de 2010

Vitória da democracia

Por João José de Oliveira Negrão

Dilma vai vencer? Será que vai dar Serra? Marina Silva vai surpreender e atropelar? Se Ciro sair candidato poderá ultrapassar seus concorrentes? O respeitável Plínio de Arruda Sampaio será a grande surpresa pela esquerda? Todas estas conjecturas estão ganhando corpo na política nacional. Os partidos e coligações se preparam para o embate, para tentar convencer o eleitor sobre a superioridade de seus projetos e propostas.

Mas já há um vitorioso, antes mesmo de as urnas serem abertas em outubro. O sistema democrático está instalado e vigoroso no Brasil. Quem assumir a presidência em 2011 será o sexto mandatário (ou mandatária) eleito, pelas urnas, em sequência, dentro de regras claras, com plena liberdade partidária. Ali, estarão se completando 22 anos ininterruptos de eleições presidenciais diretas e de passagem, sem traumas, da faixa de presidente da República.

Vai ficando para trás a tradição golpista da história política brasileira. Carlos Lacerda, que vivia reivindicando golpes contra Getúlio Vargas (quando eleito), contra Juscelino Kubitschek, contra João Goulart, não tem sucessores públicos – embora algumas movimentações contemporâneas, pouco transparentes, lembrem um lacerdismo fora de época.

O próximo presidente ou presidenta receberá a faixa presidencial de Lula. E passados quatro ou oito anos, a entregará para seu sucessor ou sucessora, escolhido pelas urnas. Este é um valor universal do qual não podemos abrir mão. Nossa história não pode mais admitir aventuras golpistas: quem ganhar leva; quem perder, se prepara para a próxima disputa. Assim é a democracia.

João José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 05/04/2010) 

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