segunda-feira, 26 de julho de 2010

Importância do vice

Por João José de Oliveira Negrão

A nossa recente (pouco mais de 20 anos) retomada democrática já deu exemplos de sobra a respeito da importância dos candidatos a vice. Tivemos a assunção de Itamar Franco com o impeachment de Collor, a subida ao governo do estado de Alckmin com a morte de Covas e a de Kassab com a saída de Serra da prefeitura de São Paulo para disputar o governo do estado. Outros estados e cidades do país viveram experiências semelhantes.

Por isso, é importante que os eleitores dediquem alguma atenção a eles. Creio que devemos nos perguntar: como seria o Brasil num eventual período de Michel Temer (PMDB) à frente do governo, caso a vitoriosa em outubro seja Dilma Rousseff? Terá o atual presidente da Câmara dos Deputados histórico suficiente, maturidade e capacidade política para tal empreitada?

E se, ao contrário, Serra ganhar, terá o jovem deputado carioca Índio da Costa (DEM), seu candidato a vice – que vem, na campanha demotucana, assumindo o papel de agente provocador – equilíbrio necessário para exercer o principal cargo da república brasileira? E o empresário Guilherme Leal, dono da Natura e neófito em política, vice de Marina Silva, estará preparado para a tarefa, uma vez que, ao contrário dos sonhos neoliberais, o governo não é uma empresa capitalista, nem deve ser gerido como tal? Qual deles é o mais indicado?

Perguntas semelhantes devemos nos fazer nas eleições para o governo do estado e, daqui a dois anos, na eleição municipal. O candidato a vice não pode ser figura decorativa e sem capacidade política. Na nossa tradição republicana, ele assume o governo – federal, estadual ou municipal – em casos de ausência ou impedimento do titular. A responsabilidade é grande e o eleitor deve refletir sobre isso.

João José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 26/07/2010)

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