terça-feira, 6 de julho de 2010

Serra bate cabeça

Por João José de Oliveira Negrão

O candidato presidencial tucano anunciou o nome de seu vice, já às portas do encerramento do prazo. Após tantas tentativas – todas rechaçadas – de fechar o cargo com o governador mineiro Aécio Neves, o candidato escolhido foi o também tucano senador Álvaro Dias, do Paraná. O PPS, como sempre, aceitou logo a escolha. O mesmo aconteceu com o PTB, de Roberto Jefferson.

Mas o tradicional aliado tucano, o DEM (ex-PFL) está se sentindo traído: foi o último a saber da escolha de Dias, feita à revelia das lideranças dos autointitulados Democratas. E o partido pode sair da sombra do PSDB e disputar com ele o espaço da oposição conservadora no Brasil. Ao portal IG, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) declarou que não faria sentido para seu partido estar coligado com o PSDB sem ter a vaga de vice. “Se eles não querem estar com o DEM, não há motivo para o DEM ficar com eles”, disse. “Não queremos ficar só com o ônus da aliança, ainda mais hoje que a candidatura não é nenhuma Ferrari”, afirmou Torres, referindo-se à queda de Serra e à subida de Dilma Rousseff nas pesquisas de intenção de votos.

Analistas também não entendem a escolha. Álvaro Dias é da região sul, única onde Serra mostra uma pequena vantagem sobre Dilma. E mesmo no Paraná, Dias não retirará da candidata do PT um palanque muito forte, pois ela contará com o apoio do governador Roberto Requião (PMDB).

A oposição está batendo cabeça e sem discurso. Autoproclamado “experiente” em política, Serra está cometendo um erro grave, pois Dias não acrescenta absolutamente nada à chapa oposicionista. E ainda põe em risco a aliança histórica com os Democratas. O PT está rindo à toa.

João José de Oliveira Negrão é jornalista,
doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 28/6/2010)

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