terça-feira, 20 de agosto de 2013

Jornal impresso em queda

João José Negrão

A Fundação Perseu Abramo apresentou na última sexta-feira (16) o resultado de uma pesquisa realizada com 2.400 pessoas acima dos 16 anos, que vivem em áreas urbanas e rurais de 120 municípios distribuídos nas cinco regiões do Brasil. Alguns dados mostram a velocidade da mudança de hábitos culturais – pelo menos no aspecto relativo à informação: a Internet vem ganhando a preferência da população como veículo para se informar sobre a cidade, o Brasil e o mundo e já empata (ambos têm 43%) com os jornais impressos, em meio habitual de informação.

Sobre a televisão, há desconhecimentos: a maioria dos entrevistados não sabe que os canais são concessão pública. “Para 60% são empresas de propriedade privada, como qualquer outro negócio”, acrescentou, durante a apresentação, o sociólogo Gustavo Venturi, coordenador da pesquisa. “Mesmo assim, 71% da população são favoráveis a que haja mais regras para se definir a programação veiculada”, destacou.

Outros elementos permitem afirmar esta mudança de paradigma. Nos últimos anos, houve a ascensão da chamada classe C e o consumo da quase totalidade dos produtos – de iogurte a frango, de automóveis a tevês de plasma e computadores. Mas a tiragem dos grandes jornais e revistas brasileiros não acompanhou tal movimento. Pelo contrário, tem hoje menos exemplares em circulação que há 20 ou 30 anos.

Assim, é possível afirmar que o jornalismo impresso encontra-se em uma encruzilhada: se não achar um modo de se firmar, vai perder cada vez mais importância como elemento significativo na conformação da opinião pública e da cultura no país. Particularmente, não creio que o processo já desencadeado se reverterá.

João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp e na Pós-Graduação em Jornalismo da PUC-SP

(Publicado no Bom Dia Sorocaba em 20/08/2013)

Um comentário:

Estrelinha disse...

Sim, é bem verdade que hoje em dia as pessoas lem o jornal pela internet, mas se ficam sem internet por mais de um dia são obrigadas a lerem o jornal impresso.
Atecnologia está avansada tem tudo de bom, mais ainda falha e nessas falhas o impresso que acaba cobrindo.