terça-feira, 31 de agosto de 2010

Que oposição?

Por João José de Oliveira Negrão

O crescimento exponencial da intenção de votos em Dilma Rousseff, candidata presidencial do PT e do presidente Lula, ao lado da queda significativa de José Serra (pelo Ibope divulgado sábado Dilma tem 51% contra 27% de Serra e 7% de Marina), já leva analistas e operadores da política a imaginar cenários pós-eleitorais.

A oposição atual, liderada pelo PSDB, sairá muito enfraquecida, mais ainda se firmar-se a possibilidade tendencial da subida de Aloizio Mercadante no estado de SP, principal cidadela tucana. Além de SP, outros estados, hoje em poder dos tucanos, podem mudar de mãos, como o Rio Grande do Sul, onde a governadora tucana Yeda Crusius, candidata à reeleição, patina num terceiro lugar, atrás do petista Tarso Genro e do peemedebista José Fogaça. Em Minas, o candidato do governador Aécio Neves, Antônio Anastasia, vem recuperando terreno, mas ainda está atrás do ministro Hélio Costa, do PMDB. No RJ, sem luz própria, o PSDB embarcou na candidatura do verde Fernando Gabeira, também mal colocado. Na Bahia e em Pernambuco também não há tucanos viáveis. E o Democratas, irmão siamês do PSDB, não está em situação melhor.

Os petistas podem, eventualmente, se alegrar, mas o cenário preocupa. Em um mais que provável governo Dilma, a atual oposição em frangalhos poderá abrir espaços para uma direita reacionária do tipo Tea Party norte-americano, que tem colocado os republicanos em incontáveis saias justas na oposição a Obama. Uma direita furiosa, atrasada, antidemocrática e com poucas perspectivas eleitorais, mas capaz de fazer barulho e alimentar o ovo da serpente. É preciso ficar atento.

João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais e professor no Ceunsp

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 30/08/2010) 

Um comentário:

Anderson Oliveira disse...

Como diz João Negrão em sala de aula: "Não... tá errado!".

Esta análise está inpregnada de erros e esquecimentos, algo que só uma alienação partidária é capaz de suscitar em um doutor em ciências sociais.

1º erro: Oposição enfraquecida

Sobre isso há duas ponderações:

1 - Conforme noticia publicada no blog do Nassif, o PT está tentando cooptar o hoje maior nome dentro do DEM: Kassab. Esta iniciativa visa desestabilizar a aliança DEM PSDB.
Como já comentei no twitter e no blog do pseudo-jornalista-economista-petista, com isso, o PT tende a se estabelecer com a mais absoluta hegemonia no cenário político brasileiro (ou seja, comprando o PMDB, e opondo DEM ao PSDB, acaba a oposição, enfim)
Lênin e o PRI mexicano explicam isso.

2 - O sr., além de fantasiar a derrota de Alckmin (estabilíssimo em 1º) em São Paulo, esquece que o mais lúcido partido político brasileiro lidera ainda em mais 6 estados (Paraná, Goiás, Pará, Rondônia, Tocantins e Roraima), e Anastasia vira fácil o jogo em MG.

2º erro: o medo é nosso

Como já evidenciei, diluindo a aliança de oposição DEM-PSDB, o PT (agora proprietário do PMDB) tende a se firmar como o maior partido brasileiro, sem nenhuma concorrência. Ditadura do partido?

Como disse Regina Duarte: "Tenho medo".