João José de Oliveira
Negrão
O assunto voltou a ganhar centralidade,
mas desde 2012 está em andamento no STF uma ação movida pela
Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) contra dois
artigos do Código Civil, o 20 e o 21, que, na prática, impedem as
chamadas biografias não autorizadas pelos biografados ou por seus
familiares. Figuras muito conhecidas, como Chico Buarque, Caetano
Veloso, Djavan e Gilberto Gil, articulados pela produtora Paula
Lavigne, criaram um movimento chamado Procure Saber, que quer manter
a proibição.
Dezenas de artigos – de outros
músicos, como Alceu Valença, e de jornalistas/biógrafos, como
Mário Magalhães, autor de Marighella, defenderam a plena liberdade
de expressão. Programas de TV continuam tratando do tema. O jornal O
Globo fez uma boa retrospectiva da polêmica (veja em
http://oglobo.globo.com/infograficos/batalha-biografias/
).
A lei já é suficiente para proteger a todos contra calúnias, injúrias ou difamações. Se livros ou reportagens mentirem sobre quem quer que seja, que se abram processos pesados e caros contra editoras, jornais e autores. Mas depois de tanta luta pela democracia, pela liberdade de expressão e contra a censura, este país não pode aceitar a volta sub-reptícia da censura prévia. Chico, Caetano, Djavan etc estão pisando feio no tomate. Devem recuar. Suas histórias de vida (com ou sem biografias autorizadas) merecem que tenham esta grandeza.
João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais, professor no Ceunsp e na Pós-Graduação em Jornalismo da PUC-SP
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 22/10/2013)
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