João
José de Oliveira Negrão
Uma
das maiores dúvidas da história brasileira começa a ser
esclarecida: o ex-presidente João Goulart, deposto pelo golpe
militar de Estado em 1964, morreu de causas naturais ou foi
assassinado durante seu exílio?
Amanhã
(13), haverá a exumação dos restos mortais de Jango, em São Borja
(RS). De lá, seguem para Santa Maria (RS), de onde serão
transportados para Brasília. O corpo do ex-presidente será recebido
com honras de chefe de Estado, com a presença da família e da
presidenta Dilma Rousseff. Depois, o corpo seguirá para
o Instituto Nacional de Criminalística de Brasília, onde será
periciado para verificar a suspeita de que o Jango teria sido
envenenado
na Argentina.
As
suspeitas ganharam corpo depois que um ex-agente de inteligência
uruguaio, Mario
Neira Barreiro
– preso há mais de 10 anos em Charqueadas (presídio de máxima
segurança no Rio Grande do Sul) –, declarou, para a Polícia
Federal, que Jango foi envenenado. Teriam sido introduzidos
comprimidos adulterados entre os que o ex-presidente tomava devido a
problema cardíaco. A ação teria contado com o apoio da CIA,
através de seu chefe em Montevidéu
em 1976, o agente Frederick Latrash e de Sérgio
Paranhos Fleury, o caçador de opositores e chefe do antigo
DOPS
(Departamento
de Ordem Política e Social).
A
morte de Jango pode ter sido um dos resultados da Operação Condor,
uma articulação secreta e ilegal das ditaduras latino-americanas
dos anos 70 para monitorar, perseguir e eliminar opositores aos
regimes instalados que ainda estivessem no continente. Para João
Vicente Goulart, filho do ex-presidente, “parece bastante claro que
as ditaduras de Geisel e Videla atuaram em conluio para impedir a
realização de uma autópsia, como costuma suceder quando morre
qualquer ex-presidente no exterior”, conforme declarou ao site
Carta Maior.
João
José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais
e professor no Ceunsp e na Pós-Graduação em Jornalismo da PUC-SP
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 12/11/2013)
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