João
José de Oliveira Negrão
A
fulanização no debate político já se esgotou. Se não quisermos
continuar com este campeonato medonho, cuja disputa é saber se o
político A do partido B é mais corrupto que o político C do
partido D, temos que ir à raiz do problema.
O
modelo atual de financiamento de campanhas é porta de entrada para o
festival de distorções e tem de ser mudado. Do jeito que é hoje –
cada candidato tendo de buscar recursos para viabilizar os custos de
sua campanha eleitoral, seja um concorrente ao Senado ou a uma câmara
municipal – , está aberto o caminho para as práticas pouco
recomendáveis, mas reais, da política brasileira. Os esquemas de
caixa 2 – doação “por fora”, sem declaração à justiça
eleitoral –, pelos mais diferentes motivos, estão presentes em
cada uma de nossas seguidas eleições.
Esta
porta tem de ser fechada. Para isso, é fundamental uma reforma
política aprove o financiamento público exclusivo das campanhas
eleitorais, sem a participação financeira de pessoas jurídicas e
limitando drasticamente – ou mesmo proibindo – a de pessoas
físicas. Para isso, no entanto, será fundamental, também,
abandonar as candidaturas individuais e o voto nominal, assumindo o
sistema de voto em lista fechada.
Tal
medida, é claro, não consegue por si só eliminar de vez a
corrupção. Mas fecha um caminho importante por meio do qual ela se
insere nos canais institucionais do País. Também evita que grande
parte dos políticos fique refém de favores ao poder econômico, o
que distorce a vontade popular e contamina a democracia.
João
José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais,
professor no Ceunsp e na Pós-Graduação em Jornalismo da PUC-SP
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 26/11/2013)
Nenhum comentário:
Postar um comentário