terça-feira, 4 de agosto de 2009

Reajuste do Bolsa Família

Por João José de Oliveira Negrão

Como não poderia deixar de ser – graças a uma elite preconceituosa e incapaz de enxergar a realidade –, causou certa polêmica a decisão do governo Lula de aumentar o benefício do Bolsa Família em 9,68%. Cartas aos jornais, artigos e colunas – inclusive de poetas ex-comunistas ou ex-esposas de jornalistas perseguidos – disseram que o programa incentiva mulheres pobres a terem mais filhos. E chegaram a sugerir que a ajuda fosse limitada a dois filhos por mulher, uma política autoritária de controle familiar.

Outros preocupam-se com os eventuais "rombos" que a medida "certamente" trará às contas públicas. Estes mesmos aplaudiram quando o governo decidiu reduzir o IPI dos automóveis e eletrodomésticos da linha branca, medida também correta do ponto de vista do enfrentamento à crise. Isso mostra como certos críticos têm dois pesos e duas medidas: se for a favor do capital, sinal de maturidade do governo; se beneficia os setores historicamente excluídos da população, aí é populismo eleitoreiro.

A verdade é que as políticas de distribuição de renda, como o Bolsa Família e o aumento do salário-mínimo acima da inflação, são um dos maiores sustentáculos da resistência da economia brasileira à crise mundial. Por conta delas, o consumo interno elevou-se substancialmente – a participação do consumo das famílias em relação ao PIB saiu de 54%, em 2003 e chegou aos 63,8% em 2008 –, o que permitiu a passagem pela turbulência sem grandes abalos sociais ou econômicos. São elas também que estão transformando a pirâmide social brasileira, com a redução da miséria absoluta e ampliação da classe C, que hoje já integrada por 53,8% da população.

Além disso, o Bolsa Família aponta, corretamente, para as chamadas "portas de saída", ao vincular o benefício à escolaridade e ao controle de saúde das crianças, o que vai permitir que as futuras gerações das famílias pobres não mais necessitem do programa.

(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 03/08/09)

Um comentário:

Beatriz Nunes disse...

primeiramente, quem critica o bolsa família é uma pessoa sem estrutura alguma economicamente falando.O projeto é um incentivo de consumo, não só uma ajuda que muitos dizem ser como esmola. Quem diz isso não sabe que a economia melhorou muito por isso, porque qm não consumia, passou a consumir, e isso causa um grande efeito dominó.
sem falar que uma boa porcentagem das famílias que recebiam o bolsa família, pediram para serem excluídas do benefício, pois não precisavam mais. E isso certamente ocorreu pelo fato que o próprio consumo da família gerasse emprego para eles próprios. Exemplo prático: uma família que não comprava danone com auxílio do projeto passou a comprar, assim a fábrica de danone teve que aumentar a produção, tendo que chamar mais gente pra trabalhar, abrindo portas para as pessoas dessa mesma família, e assim vai.