domingo, 2 de agosto de 2009

Escrever bem


Por João José de Oliveira Negrão


Parte da argumentação de ministros do STF para extinguir a necessidade de diploma superior em Jornalismo para o exercício da profissão foi a de que, para ser jornalista, basta escrever bem. Evidentemente, isso tem sua parcela, pequena, de verdade: sem um "bom texto" ninguém vai longe na carreira. Mas não é suficiente, pois outras qualidades e outras ordens de conhecimento e de comportamento ético são igualmente importantes.

Mas escrever bem não é uma obrigação exclusiva de jornalistas. Qualquer profissional, que tenha passado por um longo período de educação formal – 12 anos de fundamental e médio, mais dois a cinco de superior – tem de saber se expressar na linguagem escrita, embora não seja incomum encontrar, entre profissionais, graduandos e mesmo alguns professores de certas carreiras pouco apreço a esta qualidade.

Escrever bem exige dedicação. Boas e variadas leituras, de jornais, revistas e literatura de qualidade, ajudam muito, mas não são suficientes. É preciso escrever e depois reescrever, se necessário mais de uma vez. É claro que a bagagem cultural é componente fundamental, uma vez que ela amplia nossos referenciais. Usar frases curtas e bem pontuadas, preferir a ordem direta (sujeito, verbo e predicado) e evitar excesso de orações intercaladas são boas dicas, pois quanto maior a frase, também maior é a possibilidade de texto sem clareza e com erros de concordância.

Um texto claro é fruto de esforço, não de dom. Claro que estou me referindo, aqui, à comunicação escrita do dia a dia, não à poesia ou ao romance. Estes, como manifestação artística, desobrigam-se de regras. Mas, se nem todos podem ser poetas ou literatos, é possível escrever corretamente, de forma a permitir uma comunicação mais clara. Mas isto não basta para formar um jornalista.

(Publicado no Bom Dia)

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