João José de Oliveira Negrão
Os números são assustadores. A taxa de desemprego na zona do euro (os 17 países europeus que usam a moeda comum) chegou a 12,2% e não dá sinais de arrefecimento. O mais grave, no entanto, é que a falta de trabalho atinge particularmente os jovens: cerca de um quarto (ou 25%) das pessoas até 25 anos está desempregada. Os números indicam uma acentuada fratura social em países como Grécia, Espanha e Portugal. A primeira, com uma taxa geral de desemprego de 27%, tem 62,5% de seus jovens sem trabalho; na Espanha, o desemprego geral chega a 26,8%, mas atinge 56,4% dos jovens; Portugal tem 18% de sua população desempregada.
A própria Suécia, um dos exemplos mais bem sucedidos de Welfare State (Estado de Bem Estar Social), ao optar pela introdução de mecanismos neoliberais (ou de austeridade) em sua economia, está vendo crescerem as manifestações de rua, dos crescentemente excluídos. O primeiro ministro Fredrik Reinfeldt, do Partido dos Moderados (ex-Partido da Direita), já está há sete anos no governo, reduzindo subsídios ao bem-estar popular e baixando os impostos para os mais ricos. Ele conseguiu que a Suécia seja o país da OCDE onde ocorreu o maior crescimento da desigualdade. Reinfeldt chama os manifestantes desempregados de vândalos.
Na contramão da crise mundial, o Brasil – assim como outras nações que resolveram romper com o modelo neoliberal das grandes instituições econômicas mundiais – vive um momento singular em sua história, com pleno emprego e redistribuição de renda. Estes países são a prova viva de que as políticas de austeridade monetária e fiscal, aquelas que o Banco Central Europeu insiste em aplicar mesmo levando determinados países à bancarrota social, aumentam a distância entre ricos e pobres e cindem a sociedade, no interesse de poucos muito ricos.
João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais e professor no CEUNSP
(Publicado no Bom Dia Sorocaba de 04/06/13)
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