João José Negrão
O atual movimento que tomou conta das ruas no Brasil é interessante sob vários aspectos. É um movimento com características novas, especialmente no que diz respeito ao seu processo de mobilização, fortemente centrada nas redes sociais. Há vários elementos sociológicos que se entrecruzam na tentativa de compreensão do que, afinal, ele significa. Evidentemente, uma análise assim, a quente, enquanto tudo está acontecendo, é cercada de riscos e possibilidades de engano, pois ainda não temos o distanciamento necessário para uma avaliação mais segura. No entanto, alguns pontos podem ser destacados:
1. Há claramente um elemento de catarse. Parcela da juventude parece que se cansou das cobranças das gerações anteriores sobre sua despolitização, falta de participação, e resolveu mostrar que também vai às ruas protestar
2. Várias das reivindicações e palavras de ordem são contraditórias entre si. Ao lado de proposições justas e progressistas, como a redução dos preços das tarifas e a melhoria da qualidade dos transportes públicos, surgem outras, meio de contrabando, que mostram uma tentativa das forças conservadoras e de Direita de surfar na onda do movimento, uma vez que, pelas suas próprias capacidades e bandeiras, elas não conseguem mobilizar a população. Esta contradição é típica de movimentos que abarcam muitos setores médios. Caso se fortaleça, dentro do movimento, a ideia de que ele é “contra tudo que está aí”, sem objetivos específicos e reivindicações mais concretas, ele corre o risco de ser a versão brasileira do movimento dos indignados da Europa, que, justamente por estas características, acabou levando de volta aos governos os partidos conservadores e de Direita, como o PP espanhol, que aplicou medidas antipopulares e antidemocráticas, de arrocho, de desemprego e de redução de gastos sociais na tentativa de debelar a crise econômica causada justamente pelas políticas conservadoras e neoliberais.
3. Uma das principais forças, o Movimento do Passe Livre, não é conservador nem de Direita. Vi diferentes entrevistas de algumas de suas lideranças e elas me pareceram ter bastante clareza. Mas será preciso afastar do movimento tendências antidemocráticas e que beiram o fascismo, como a tentativa de proibir e expulsar das manifestações as bandeiras dos partidos, quaisquer que sejam eles. Além disso, se afastar, de forma clara, dos provocadores (inclusive grupúsculos neonazistas), que querem o retrocesso, não o avanço da democracia tão duramente conquistada.
4. Penso que as forças democráticas e progressistas não devem temer nem repudiar o movimento, mas sim interagir com ele. Há nele um núcleo que quer aprofundar a democracia e ampliar as conquistas populares. Ficar de fora, de longe, simplesmente criticando porque há tendências contraditórias e forças de Direita querendo tirar proveito pode, justamente, jogar parcelas do movimento no colo da reação.
1. Há claramente um elemento de catarse. Parcela da juventude parece que se cansou das cobranças das gerações anteriores sobre sua despolitização, falta de participação, e resolveu mostrar que também vai às ruas protestar
2. Várias das reivindicações e palavras de ordem são contraditórias entre si. Ao lado de proposições justas e progressistas, como a redução dos preços das tarifas e a melhoria da qualidade dos transportes públicos, surgem outras, meio de contrabando, que mostram uma tentativa das forças conservadoras e de Direita de surfar na onda do movimento, uma vez que, pelas suas próprias capacidades e bandeiras, elas não conseguem mobilizar a população. Esta contradição é típica de movimentos que abarcam muitos setores médios. Caso se fortaleça, dentro do movimento, a ideia de que ele é “contra tudo que está aí”, sem objetivos específicos e reivindicações mais concretas, ele corre o risco de ser a versão brasileira do movimento dos indignados da Europa, que, justamente por estas características, acabou levando de volta aos governos os partidos conservadores e de Direita, como o PP espanhol, que aplicou medidas antipopulares e antidemocráticas, de arrocho, de desemprego e de redução de gastos sociais na tentativa de debelar a crise econômica causada justamente pelas políticas conservadoras e neoliberais.
3. Uma das principais forças, o Movimento do Passe Livre, não é conservador nem de Direita. Vi diferentes entrevistas de algumas de suas lideranças e elas me pareceram ter bastante clareza. Mas será preciso afastar do movimento tendências antidemocráticas e que beiram o fascismo, como a tentativa de proibir e expulsar das manifestações as bandeiras dos partidos, quaisquer que sejam eles. Além disso, se afastar, de forma clara, dos provocadores (inclusive grupúsculos neonazistas), que querem o retrocesso, não o avanço da democracia tão duramente conquistada.
4. Penso que as forças democráticas e progressistas não devem temer nem repudiar o movimento, mas sim interagir com ele. Há nele um núcleo que quer aprofundar a democracia e ampliar as conquistas populares. Ficar de fora, de longe, simplesmente criticando porque há tendências contraditórias e forças de Direita querendo tirar proveito pode, justamente, jogar parcelas do movimento no colo da reação.
João José de Oliveira Negrão é jornalista, doutor em Ciências Sociais e professor no CEUNSP
(Publicado em duas partes no Bom Dia Sorocaba de 25/06 e 02/07/13)
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